domingo, 27 de julho de 2014

Vergonha: O que pensam colegas de farda quando um policial “muda de lado”?


Eu estou pensando em pedir para sair do destacamento [cidades pequenas] e voltar ao patrulhamento nas ruas, em Campina Grande. Está perigoso demais nas cidades do interior, os bandidos agora estão atirando nos nossos alojamentos. E nós, em número bem menor, não podemos fazer nada.”
O trecho acima é parte de um relato feito por um policial militar ao Paraiba em QAP, após um ataque de assaltantes de banco numa cidade do Cariri paraibano, há cerca de seis meses. Os criminosos, como vem sendo praxe, cercaram a base do destacamento e ‘metralharam’ o prédio. Os policiais só não morreram porque não saíram de dentro do alojamento.
O depoimento do policial nos foi dado em menos de 24 horas após o ataque. O nervosismo era visível no PM. Um misto de medo, decepção e revolta contornava as linhas do seu semblante, pois por mais que ele quisesse, não tinha condições materiais e humanas de enfrentar os bandidos.
Era como se o militar estivesse numa encruzilhada, porque mudar de local de trabalho – ainda mais na Polícia Militar – não é algo que se consegue com um simples ‘querer’. Se está ruim para ele, está ruim para os demais também. Ou aceita ficar onde está, ou pede baixa. Entrega a farda e procura outra profissão.
Seis meses depois
Na madrugada dessa sexta-feira, 25 de julho, uma quadrilha ‘explodiu’ caixas eletrônicos na cidade de Livramento, Cariri paraibano. Numa ação rápida, a polícia conseguiu chegar aos acusados, que estavam em uma casa na zona rural. Com eles, a polícia apreendeu quatro pistolas, farta munição, grampos e uma quantia de aproximadamente R$ 70 mil que havia sido roubada [presume-se] do banco.
O mais trágico dessa história: um cabo da Polícia Militar – Clodeildo da Silva Moreira – está entre os acusados. A informação de sua prisão deixou ‘colegas’ de farda perplexos, que pediram para externar, através do Paraiba em QAP, o total repúdio à conduta de Clodeildo, nas declarações que seguem:
Não faz nem 24 horas que o nosso colega Jenilson, que trabalhava em Mamanguape, foi assassinado por assaltantes de banco no Rio Grande do Norte. É para isso que Clodeildo estava a serviço na PM?
Pois é, a gente pensa que está combatendo os criminosos, mas muitas vezes eles estão bem ao nosso lado...”
 “Poxa, não acredito nisso... Jamais desconfiaria desse cara. Não dá para confiar em ninguém mesmo...
A lei diz que ele ainda é inocente até que se prove o contrário, mas eu não posso duvidar dos colegas que o prenderam. Ele escolheu esse caminho e agora aguente as consequências...
Agora eu pergunto: as armas que esses caras usam quando vão explodir caixas eletrônicos são para atirar em quem?...”
Fonte: paraibaemqap

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